O DIA A DIA NO CARMELO
O cotidiano do Mosteiro São José desenrola-se de acordo com as normas estabelecidas na Regra e Constituições dadas por Santa Teresa de Ávila.
HORÁRIO NO VERÃO ( DO DIA 14 DE SETEMBRO-EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ ATÉ A PÁSCOA)
HORÁRIO NO INVERNO (DA PÁSCOA ATÉ 14 DE SETEMBRO)
04:30 – Despertar ***************************************************** 05:30
04:50 – Recitação de Laudes (Liturgia das Horas) ******************************************05: 50
05:15 às 06:15 – Oração mental ***********************************************06:15 ás 07:15
- Intervalo para realização de algumas tarefas caseiras****************************** Não há este tempo livre no inverno
07: 00 – Recitação da primeira Hora Média (Liturgia das Horas)
07:30 – Santa Missa conventual, aberta também à participação dos fiéis
- Após alguns momentos de ação de graças cerca de 15 minutos, café da manhã.
- Realização dos trabalhos do Mosteiro
10: 55 – Recitação da segunda Hora Média (Liturgia das Horas) seguida de 7 minutos de exame de consciência
11: 15 – Almoço (Terço em comum nos dias próprios)
12: 00 – Recreação em comum
13: 00 – Silêncio rigoroso e descanso********************Intervalo para realização de algumas tarefas caseiras em silêncio
14: 05 – Recitação da Terceira Hora Média (Liturgia das Horas *****14:00-Recitação da Terceira Hora Média (Liturgia das Horas)
14: 20 – Leitura espiritual na cela – Lectio Divina
15: 00 – Retorno aos trabalhos do Mosteiro
16: 40 – Recitação de Vésperas (Liturgia das Horas)
17: 00 às 18: 00 – Oração mental
- Em seguida Jantar (2° Terço em comum nos dias Próprios)
19: 00 – Recreação em comum
20: 00 – Recitação das Completas (Liturgia das Horas) : no pricípio 7 minutos de exame de consciência
20: 20 – GRANDE SILÊNCIO- Leitura espiritual na cela
21: 25 – Recitação do Ofício das Leituras (Liturgia das Horas) e reza do Terço de Nossa Senhora (SEMPRE)
22: 20 – Repouso
No primeiro Mosteiro São José de Ávila, berço da Reforma, tudo foi organizado de maneira que a vida contemplativa na solidão, fosse um meio propício para se atingir a nobre finalidade do Carisma. Até hoje, cada Carmelo, com poucas diferenças adaptadas às diversas regiões do mundo, procura seguir fielmente os nobres ideais de Santa Teresa.
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— Cada Irmã possui sua própria cela, pequena, sóbria e pobre, onde deve permanecer a maior parte do tempo, cumprindo o que ensina a Regra: “Meditar dia e Noite a Lei do Senhor”.
Dizia Santa Teresa dos Andes: “ A carmelita tem sua cela separada. Ali é onde penetra como num templo para sacrificar-se. Nela há uma cruz sem cristo. É essa a cruz onde ela deve morrer; nesse templo só ela penetra. Está reservado só para Deus e a alma.”
A cela é destinada para o descanso, trabalhos manuais, leitura espiritual, para escrever cartas, apontamentos particulares, e rezar pequenas devoções.
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— Clausura estrita, onde existe uma separação radical do exterior, para conseguir o desprendimento interior, e encontrar no Esposo – JESUS – a água viva da contemplação em uma feliz experiência de fraternidade em Cristo: Estar a sós com o Só. ”A clausura tem a finalidade de salvaguardar a liberdade e a harmonia da vida comunitária. Se Santa Teresa insiste tanto na importância da solidão, é porque a considera como um elemento indispensável para a vida de oração e “só com nossa oração e a nossa entrega total a Deus podemos ser úteis à Igreja”.
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— O trabalho, como a leitura espiritual e a oração não litúrgica, realizam-se solitariamente. durante grande parte do dia as monjas guardam silêncio rigoroso e quando é necessário se comunicarem, devem fazê-lo com poucas palavras ou através de bilhetes ou sinais.
Irmã Maria Letícia em oração
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— O convento, de aparência austera e simples, é cercado por muros altos e em seu interior, abriga um grande jardim, que deve convidar ao silêncio e à contemplação.
É de tradição monástica, ter uma fonte no centro do jardim do claustro que simboliza a Árvore da Vida colocada por Deus no meio do Paraíso, e os 4 lados do quadrângulo são os 4 rios que corriam pelo Jardim do Éden. Há um simbolismo que herdamos dos antigos monges: Ao passar todos os dias pelo claustro, deveriam se recordar de que eles também são convidados a fazer a mesma experiência de intimidade que Adão e Eva tinham com Deus, antes do pecado original “… QUE VINHA PASSEAR NO JARDIM, À HORA DA BRISA DA TARDE” (cf. Gen 3, 8). É comum em alguns Carmelos ter uma Cruz, que representa a nova Árvore da Vida, onde Cristo, o Novo Adão, deixou correr de seu Coração transpassado a água regeneradora da salvação… “JESUS CRISTO É A ALMA E O CORAÇÃO DE TODA VIDA CARMELITANO – TERESIANA”.
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Santa Teresa deu ao Carmelo uma característica eremítica: Nos Jardins a Santa mandou construir várias ermidas, onde as Irmãs podiam se recolher em oração, à maneira dos santos padres do MONTE CARMELO: “… O ESTILO DE VIDA QUE PRETENDEMOS TER NÃO SE LIMITA A SERMOS MONJAS, MAS TAMBÉM ERMITÃS…”
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— Preside a comunidade teresiana a Madre Priora, que governa o Mosteiro em qualidade de Superiora maior por um período de três anos, no fim do qual, através de uma votação, é escolhida uma outra Irmã da própria Comunidade.
A Priora é vínculo de união e de amor entre as Irmãs, preside-as, guia-as e as acompanha no caminho da vocação, solícita pela observância fiel da Regra e das Constituições.
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— Participamos da Santa Missa todos os dias em nosso próprio Mosteiro. A Eucaristia é sinal e vínculo de caridade, une a comunidade em um só corpo e em um só espírito, “mediante a participação no único pão e no único cálice”.
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— Outra característica importante de nossa vida contemplativa é “a participação na oração de Cristo que tem sua expressão mais alta na SAGRADA LITURGIA e prolonga-se durante o dia enriquecendo a oração pessoal. Na Eucaristia a carmelita passa a ser a ”voz da Igreja” que na Liturgia da Horas – conforme expressa o Sl 118,164: ” 7 vezes ao dia proclamo os vossos louvores”- fala a seu Esposo e com Ele louva o Pai em nome da humanidade. Aí participa, ao mesmo tempo e a seu modo, no sacerdócio de Cristo e exerce o seu próprio sacerdócio real de amor, elevando o mundo para Deus e intercedendo por ele. Pela força do Espírito, que lhe é comunicada na mesa e no louvor eucarístico, ela permanece viva e ativa no coração missionário da Igreja, colaborando assim eficazmente para a vinda do Reino”.
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— No Carmelo, a Virgem Santíssima, Mãe de Deus, é considerada particularmente como Mãe e Padroeira. Sinal de consagração a ela é o escapulário que trazemos sobre o hábito.
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— “Todavia vos reunireis e comereis em refeitório comum o que vos for dado como esmola, ouvindo em silêncio a Sagrada Escritura”. (Regra, 4) “Na mesa comum, símbolo da comunhão fraterna, as Irmãs tomam com gratidão e alegria os alimentos, presentes da Providência divina e fruto do próprio trabalho.”
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— Sem contradizer o espírito eremítico que definia sua essência, Santa Teresa não deixou de implantar e fomentar uma SÓLIDA VIDA COMUNITÁRIA. Para ela, o amor e a intimidade com Deus através da oração e da contemplação, deveriam concretizar-se em frutos de caridade que se manifestam na vida comum. Por isso há um paralelo no nosso dia a dia, duas horas de oração mental e duas horas de recreação.
Entre as filhas de Teresa NÃO há qualquer distinção de classe ou origem familiar. Ela instituiu no programa de vida, após as duas grandes refeições do dia, duas horas de recreio, onde as Irmãs podem partilhar suas alegrias e num clima de grande descontração, recrearem-se conversando. Nos dias de semana costuma-se realizar trabalhos manuais e nos Domingos e festas, pode-se recitar poesias, cantar e tocar instrumentos musicais e fazer encenações teatrais.